04/22/2025
06:19:06 PM
O mês de abril é marcado pela campanha “Abril Azul”, que tem como objetivo conscientizar a população sobre o transtorno do espectro autista (TEA) e promover uma sociedade mais inclusiva e acolhedora. O médico pediatra do desenvolvimento e comportamento, Dr. Renato Santos Coelho, integrante do Comitê de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, explica que o autismo foi descrito pela primeira vez em 1943, pelo psiquiatra austríaco Leo Kanner, que relatou casos de crianças com isolamento extremo e comportamentos repetitivos. Com o tempo, a ciência passou a entender que o TEA não se manifesta de forma única, mas como um espectro, com variações que vão de quadros leves até formas mais severas.
– O espectro autista vai de manifestações simples até muito complexas. Mesmo quadros mais leves trazem prejuízos e dificuldades de adaptação à vida social –, explicou o especialista. Segundo ele, a principal característica é a dificuldade de compreender e se adaptar às normas sociais, pois o cérebro da pessoa com TEA funciona de maneira diferente.
Apesar da amplitude do espectro, o médico alerta para o risco de diagnósticos precipitados. “Hoje, muita gente acha que qualquer traço já é autismo. Precisamos de critérios claros para não incluir indevidamente crianças com traços ou outros transtornos de neurodesenvolvimento.” O diagnóstico do autismo é clínico, feito por meio da observação do comportamento da criança e de relatos da família e da escola.
– Não há um exame laboratorial que diga se é ou não TEA. O diagnóstico requer tempo, sensibilidade e conhecimento –, enfatizou.
Dr. Renato destacou ainda a importância do diagnóstico precoce. “Se conseguimos identificar com 2 ou 3 anos, podemos iniciar terapias logo e obter melhores resultados.” Ele reforçou que o TEA tem base genética, mas fatores ambientais também contribuem para o desenvolvimento do transtorno.
Para os pais, o recado é claro: ao notar sinais de atraso no desenvolvimento ou comportamentos atípicos, é fundamental procurar o pediatra, que deve estar preparado para reconhecer possíveis desvios e encaminhar para avaliação especializada.
O pediatra reforçou ainda o papel da sociedade e das instituições na inclusão e no apoio às famílias. “Nem toda criança autista consegue ser incluída na escola regular, mas a maioria sim. A escola precisa estar preparada, e a sociedade precisa acolher”, afirmou.
O Abril Azul, segundo o médico, tem exatamente esse papel: “É o momento de tornar esse assunto visível, de lembrar que essas famílias existem e precisam do nosso apoio. A sociedade não pode exigir apenas que o autista se adapte; ela também precisa se adaptar a ele", finalizou.
Fonte: LA+
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